Sala de Imprensa Sala de Imprensa

 
Voltar

Milton Santos

Milton Santos

31 de Jul de 2015

Guia da Cidade: Como descobriu o cinema?

Milton Santos: Meu primeiro contato com o cinema aconteceu por meio do circo. Em minha cidade, no interior da Bahia, sempre chegavam circos e eles apresentavam cenas de filmes de bang bang. Eu gostei muito de ver aquilo, ver as reações das pessoas. Mais tarde, por meio da televisão colocada no centro da praça, naquela época ninguém tinha condições de ter uma em casa, conheci os filmes do Mazzaroppi, Os Trapalhões e o do seu Zuzú, dono do cinema local. Com uma carriola eu carregava os cartazes dos filmes que iriam ser exibidos e, em troca, ganhava os pedaços das fitas que quebravam. Em minha casa, montei um projetor e, com esses pedaços de fitas, fiz um filmezinho que passava para a garotada.

Guia da Cidade: Desde quando produz filmes?

Milton Santos: Faço filmes há uns 12 anos ou mais e tenho alguns inéditos. Ao todo, são 22, dos quais uns 15 nunca foram vistos.

Guia da Cidade: Seus filmes são realizados com não atores, geralmente da periferia. Qual o processo de seleção do elenco?

Milton Santos: Como nunca tive recursos para pagar atores profissionais, mas sempre quis contar minhas histórias, comecei chamando amigos e vizinhos para participar dos meus filmes. Para minha surpresa, descobri que diretores renomados usaram e ainda usam a mesma técnica. É bem mais fácil trabalhar desta forma. É como se desse mais naturalidade á história e ao meu trabalho. Na periferia funciona, também, como forma de incluir essas pessoas, que se sentem capazes de fazer coisas que antes achavam ser possível só aos atores das grandes mídias. Quando se veem na telona, sendo admirados pelo público, a autoestima deles vai lá em cima e isso é muito bom. O processo de seleção é muito simples, vou escrevendo o roteiro e já imaginando cada amigo que tenho e, também, alguns novatos que surgem pelas redes sociais.

Guia da Cidade: Como nascem suas produções?

Milton Santos: Meus filmes nascem da vontade de contar histórias, de emocionar as pessoas, mexer com seus pensamentos e sentimentos. Minha inspiração vem do lugar onde moro na periferia, das dificuldades das pessoas, do seu dia a dia, suas correrias pela sobrevivência e das dificuldades e entusiasmo que encontram em suas vidas. Essas emoções e sentimentos são universais e tocam o mundo inteiro. Talvez seja por isso que meus filmes sempre agradam.

Guia da Cidade: Qual a importância do Poder Público em sua carreira?

Milton Santos: Contar com o apoio do Poder Público é sempre um incentivo para qualquer artista e a Secretaria de Cultura de São Bernardo me proporcionou dar mais qualidade aos meus trabalhos. Agora tenho lugar para exibir meus filmes. Por meio deste apoio pude fazer minha formação na área, vários cursos e aprendi muito sobre cinema e audiovisual. O Poder Público é fundamental para dar o pontapé inicial na carreira de qualquer artista, mas acho fundamental que ele viva de sua arte. A bilheteria de um filme significa que o povo está gostando e comprando seu filme.

Guia da Cidade: Você se apresentou recentemente no Itaú Cultural. Onde mais seu trabalho chegou?

Milton Santos: Meu filme “Pé de Cabra” teve sua primeira exibição na Vila São Pedro, onde foi rodado, depois estivemos na mostra do Itaú Cultural, no Cine Eldorado, em Diadema, e em Paranapiacaba. Em outubro, estaremos no Cine Olido, na região central de São Paulo.

Guia da Cidade: Seu último filme é “Pé de Cabra”. Já tem algum novo projeto em andamento?

Milton Santos: Meu projeto agora é filmar a continuação de Cabrabode, no interior da Bahia, trabalhar o próximo roteiro a ser filmado aqui, enviar o filme “Pé de Cabra” para vários festivais de cinema e tentar o prêmio estímulo de roteiro da cidade de São Paulo.

Guia da Cidade: Seus filmes têm São Bernardo como cenário. No mês de aniversário da cidade, gostaria de deixar uma mensagem?

Milton Santos: Quero parabenizar minha cidade, pois fui eu que a escolhi. Aqui meus filhos nasceram e se criaram, é aqui que trabalho, faço minhas produções cinematográficas. São Bernardo é a minha Projac. Sou muito feliz por ter me tornado um batateiro de coração. Parabéns Bernô e todos os seus moradores.