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Paolo Barone

Paolo Barone

31 de Mar de 2015

Às vésperas de visitar São Bernardo, onde participará da extensa programação em comemoração ao aniversário da imigração italiana no País, o renomado fotógrafo e diretor siciliano Paolo Barone conversou com exclusividade com o Guia da Cidade. A entrevista foi traduzida pelo professor de italiano Renê Augusto.

 

Guia da Cidade: Há quanto tempo trabalha como fotógrafo?

Paolo Barone: Há 35 anos com câmeras fotográficas de todos os tipos e de todas as marcas. Ainda hoje sou apaixonado pela fotografia, encontrando nas imagens um dos códigos narrativos mais potentes e eficazes para contar o nosso tempo. A fotografia para transformar emoções subjetivas em interpretação, narração e difusão. Na sua espontânea originalidade, sem excessivos tecnicismos.

Quais seus principais trabalhos?

Paolo Barone: Fiz campanhas publicitárias, livros fotográficos, colaborações com diversos jornais de tiragem prevalentemente turística e cultural, mostras fotográficas pessoais em São Paulo, no Conjunto Nacional, em Brasília, na Embaixada da Itália, em Porto Alegre, e em Curitiba. Também expus em Pequim, Londres, Colônia e diversas outras cidades. Entre as produções em vídeo fiz Porto Velho, Rondônia – Cerâmica Solidária. Outras produções podem ser vistas no meu site paolobaronefoto.com.

Quais foram suas principais influências como fotógrafo?

Paolo Barone: Tenho grande estima pelo livro fotográfico The Creation, do grande Hernst Haas, que me fascinou antes mesmo de possuir uma câmera fotográfica. Imagens que me tiravam o fôlego e que continuo a folhear de vez em quando ainda hoje. Mas tudo referente à fotografia me atrai. Sou um devorador de imagens sempre pronto tanto a me encantar por algumas quanto a rejeitar prontamente outras. Na maior parte dos fotógrafos brasileiros encontrei aquela força da luz e da cor que sinto com as minhas próprias. Aqui me reconheço e me sinto em casa.

O que os interessados em participar podem esperar de seu workshop na cidade?

Paolo Barone: Espero transmitir aos participantes primeiramente a minha paixão pela fotografia como linguagem narrativo-emocional. Acho que uma foto é bela se é eficaz, se comunica, se transmite aquela parte de sensações que te impulsionam a realizá-la mesmo quando deve fazê-la porque se trata de um trabalho encomendado. A foto começa na sua imaginação, na mente, toma forma, tratando-se de still life, na seleção dos objetos, sujeitos da imagem e presenças de contorno, na preparação do set, na preparação das luzes e no rigor da seleção. A pós-produção, com Photoshop, não a considero uma possibilidade, mas uma obrigação. Me parece um pretexto a polêmica sobre a admissibilidade ou não de intervenções pós-produção. Hoje na dimensão digital se faz aquilo que os grandes antigos da fotografia faziam com as mascarazinhas de tomada e com as várias técnicas de exposição diferenciada, a Ansel Adams, a técnica de zona de exposição. De qualquer forma espero que ao centro do trabalho que faremos no workshop haja uma troca humana, de expectativas, de experiências e de resultados construído sem conjunto.

Fale sobre a coleção que será exposta.

Paolo Barone: Ela tenta contar a Sicília por meio da originalidade dos seus sabores e da sua gastronomia. Creio que estes dois temas, os sabores e a gastronomia, sejam traços inconfundíveis da cultura de um povo e dos recursos da sua terra. De fato, me agrada apresentar na composição da cena em torno a um prato ou a um produto, luzes, atmosferas e objetos que contem as origens ou a tradição. Continuo a ler com prazer sobre críticos que encontram nas minhas fotos a clara e evidente alma flamenca da luz.

Quantas vezes visitou São Paulo?

Paolo Barone: Creio que seja a décima vez que eu venho a São Paulo, mas espero que seja só o começo da minha descoberta desta extraordinária cidade e deste maravilhoso Brasil.

Para alguém que está em dúvida se visita ou não a Sicília, convença-o em poucas palavras.

Paolo Barone: A Sicília é o coração do Mediterrâneo. Nesta ilha passaram por milênios todos os povos que pertencem a este mar: gregos, romanos, árabes, turcos, espanhóis, franceses e tantos outros. E na Sicília cada um deles deixou traços da própria cultura. Não existe região no mundo tão rica de história, de arquitetura e de arte, tudo tão concentrado. Mas a natureza também dá um espetáculo: o Etna, o vulcão ativo mais alto da Europa, as praias de areia, os litorais de rocha vulcânica, o mar Jônio, que olha para o oriente, o Mediterrâneo que olha para a África e o Tirreno que olha para o norte.