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Casas de repouso e clínicas geriátricas no foco da Vigilância Sanitária

Casas de repouso e clínicas geriátricas no foco da Vigilância Sanitária

07 de Abr de 2016 Illenia Negrin
Departamento promove ação educativa para reforçar boas práticas e garantir segurança alimentar e nutricional dos idosos

A Secretaria da Saúde de São Bernardo promoveu nesta quarta-feira (6) encontro que reuniu a equipe técnica da Divisão de Vigilância Sanitária e os gestores e trabalhadores das casas de repouso e clínicas geriátricas da cidade. O objetivo foi sensibilizar sobre a importância de se adotar medidas que garantam a segurança nutricional e alimentar do público atendido.

A Vigilância percebeu a necessidade de reforçar as boas práticas para o setor depois de realizar vistorias e constatar irregularidades nos estabelecimentos. São Bernardo tem atualmente 16 instituições de longa permanência de idosos – 12 particulares e quatro filantrópicas –, que, juntas, abrigam cerca de 390 pessoas.

As inspeções, feitas ao longo de 2015 e no primeiro trimestre deste ano, revelaram fragilidades quanto ao cuidado, a oferta e o armazenamento dos alimentos consumidos pelos idosos, um público considerado vulnerável pelas limitações e doenças comuns no envelhecimento. “Nas visitas, percebemos que o funcionamento das cozinhas da maioria desses locais se dá de forma caseira, sem o cumprimento das normas exigidas, quando deveriam seguir padrões semelhantes aos de empresas e restaurantes. Esse encontro tem caráter educativo, para melhorar as condições de funcionamento desses serviços e, consequentemente, o cuidado prestado aos idosos”, afirma a chefe da Divisão de Vigilância Sanitária.

Entre os problemas mais comuns identificados estão irregularidades no uso da dieta enteral (ministrada por sonda), que precisa ser manipulada em local exclusivo para esse fim, o que evita a contaminação. Além disso, em 80% das 21 vistorias realizadas observou-se que o estoque e a dispensa de alimentos eram feitos no chão, encostados na parede ou em local aberto; em 25% constatou-se a falta de limpeza nas áreas de preparo e armazenamento de comida e em quase 40% os alimentos estocados eram insuficientes para atender à demanda, em quantidade e variedade.

Outro ponto importante percebido pelas equipes da Vigilância foi ausência de dados considerados fundamentais nos prontuários dos idosos. Informações como quantidade de refeições feitas ou perda de peso – e a conduta adotada pela equipe para evitar possível desnutrição – devem constar desses formulários. “O fato de não haver registros desse tipo não significa que o idoso não recebeu o cuidado devido. Mas essas rotinas precisam estar registradas para que os órgãos competentes possam realizar esse controle de forma eficiente”, explica .

A chefe da divisão ressalta, também, que todas as casas de repouso ou clínicas para idosos devem contar com nutricionista que não apenas elabore o cardápio, mas supervisione se o mesmo está sendo devidamente cumprido, com todos os alimentos previstos e na frequência determinada por lei – os moradores e pacientes devem ter acesso a seis refeições diárias. “O cardápio deve estar exposto para que todos vejam, assim como as regras de manipulação de alimentos e higiene. Além disso, o profissional que prepara as refeições deve cumprir exclusivamente essa tarefa. É comum esse trabalhador ser aproveitado em outras funções, como dar banho nos idosos, por exemplo. Isso não pode ocorrer.”

O resultado das vistorias foi exposto durante o encontro, como forma de dar transparência ao trabalho da Vigilância e alertar sobre as necessidades de adequação. “Esse tipo de evento é importante para que a gente possa se atualizar, tirar as dúvidas e cumprir exatamente o que é exigido. Queremos o melhor para o nosso público”, diz a diretora da Casa de Repouso Rudge Ramos Sandra Dorta Tubota.

A coordenadora da Casa dos Velhinhos Dona Adelaide, que atende 36 idosos carentes, afirma que seu maior desafio atualmente é ter o alimento. “Como vivemos de doações, precisamos ser bastante rigorosos, checar a procedência. Por incrível que pareça, recebemos muitos produtos já vencidos, que inutilizamos. Precisamos ter cuidado redobrado.” Para ela, o evento serve para trocar informações e fortalecer o serviço prestado. “Temos de fazer o melhor com os recursos reduzidos.”