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Dona Deta, 100% agente comunitária de saúde

Dona Deta, 100% agente comunitária de saúde

05 de Jul de 2016 Vladimir Ribeiro
Giselda Ferreira de Sousa, a dona Deta, é agente comunitária de saúde há 16 anos e atua no Jardim Farina

O trabalho dos agentes comunitários de saúde de São Bernardo é reconhecido pela população e isso pode ser claramente percebido pela atuação de dona Deta. Ao caminhar pelas ruas do Jardim Farina, a agente é obrigada a parar a cada dez passos para atender os moradores da comunidade a respeito dos assuntos mais diversos, de informações sobre os serviços prestados na rede pública de saúde a convites para visitas a residências.

Giselda Ferreira de Sousa, a dona Deta, é agente comunitária de saúde há 16 anos, mesmo tempo que acompanha os moradores da região que escolheu para viver quando veio de Sertânia, cidade do interior do Pernambuco, nos anos 1980, para São Bernardo.

Aos 68 anos, dona Deta tem uma rotina incansável de trabalho. De manhã, ela vai até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Farina para verificar as fichas dos moradores de sua região; à tarde, percorre as ruas do bairro para as visitas domiciliares e, à noite, planeja o trabalho do dia seguinte. “Às vezes fugimos do que planejamos, mas isso torna o trabalho mais dinâmico”, diz.

Dinamismo, aliás, é o que não falta no dia a dia da agente comunitária. Durante as visitas que faz às famílias, dona Deta, como todos os agentes de saúde, tem várias tarefas: observa se há acúmulo de água em vasos de plantas (para evitar a proliferação da dengue); identifica casos de tuberculose e hanseníase; informa sobre o estoque de remédio na UBS; leva receitas; e verifica se os pacientes acamados estão com algum problema. “Nós temos que ter um pequeno computador na cabeça”, brinca.

De conversa fácil, a agente é cercada pelos moradores quando chega na área em que presta atendimento - estão sob seus cuidados 825 famílias do Jardim Farina. “Me sinto responsável por aquelas vidas. Por vezes, essas pessoas não estão doentes, só querem conversar e ter um ombro amigo”, afirma.

A transição das lutas nos movimentos sociais de São Bernardo, nos anos 1980, para a profissão de agente comunitária de saúde foi algo natural na vida de dona Deta, que garante adorar estar em meio às pessoas. Foi ela quem ajudou a implantar na UBS Farina o projeto que convida os moradores a fazer caminhadas e a praticar outras atividades físicas. “Essa ação se tornou o projeto piloto do De Bem com Vida”, orgulha-se. Esse programa, hoje, está presente em todas as UBSs de São Bernardo.

Apesar do apelo dos filhos, a aposentadoria não está no horizonte da agente comunitária. “Falei que devo parar de trabalhar no fim deste ano, mas isso foi só para eles não tocarem mais no assunto. Não tenho intenção de parar tão cedo”, declara.

Elo com a comunidade - Dona Deta faz parte do grupo de 850 agentes comunitários de saúde de São Bernardo que fazem o elo entre as UBSs e a população. Atualmente, os agentes estão presentes em todas as regiões da cidade, porém há casas que não autorizam a entrada dos profissionais. “Quem é atendido pela saúde suplementar, geralmente não permite o atendimento do agente. Mas mesmo assim, eles tentam realizar as visitas mensalmente”, explica a diretora do Departamento de Atenção Básica.

Para a diretora, os agentes traduzem os anseios da população e há casos em que o cuidado não é biomédico, mas psicossocial. “Esses profissionais desenvolvem um trabalho estratégico, pois têm um olhar apurado que os técnicos talvez não tenham. Isso ocorre porque são pessoas que moram na área em que atuam e conhecem as carências das localidades”, destaca.