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Escola do Baeta alia sustentabilidade e educação de qualidade

Escola do Baeta alia sustentabilidade e educação de qualidade

09 de Out de 2015 Niceia de Freitas
Emeb Annita Magrini, que venceu o Prêmio Sustentabilidade Ambiental, criou horta, jardim sensorial e viveiro

Mauricio dos Santos e Elaine Cristina Batista não acreditavam que educação de qualidade poderia ser encontrada em escolas públicas. Foi em São Bernardo que esse paradigma foi desconstruído. Pais de alunos do 3º ano da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Annita Magrini, no Bairro Baeta Neves, a dupla não apenas está satisfeita com o ensino oferecido a seus filhos, mas também surpresa com as atividades pedagógicas diferenciadas realizadas na unidade.

Em função de um desses projetos, na área de sustentabilidade, a escola recebeu o 1º Prêmio de Sustentabilidade Ambiental – Uso Racional da Água, conferido pela Prefeitura de São Bernardo.

Além de educação de qualidade, um dos pais, Maurício, encontrou na escola pública municipal a inclusão que seu filho Bruno, com problemas de socialização semelhante às enfrentadas por crianças autistas, precisava para ser acolhido pelos outros alunos. “Estou achando incrível como, em apenas três meses, ele evoluiu e como gosta de vir à escola. Não pensei que isso fosse acontecer. E tudo graças ao trabalho diferente da escola e possibilidades de interação com a natureza. Sem contar a dedicação e carinho dos profissionais”, disse Santos. Por indicação médica, ele decidiu transferir Bruno, de oito anos, de uma escola particular - cujo valor da mensalidade era de R$ 2 mil - para uma pública.

Além do conteúdo pedagógico, a escola realiza atividades de educação ambiental e sustentabilidade, com a participação de alunos e pais, há dois anos. A ideia para esse projeto, que recebeu o Prêmio de Sustentabilidade Ambiental, começou modestamente e tinha originalmente o objetivo de aproveitar melhor a ampla área, de quase 4,5 mil metros, da escola, boa parte desocupada.

Para realizar atividades pedagógicas ligadas aos conceitos de sustentabilidade, no local foi criada horta reaproveitando mais de 1,3 mil garrafas PET; um jardim sensorial, que aguça o olfato e a audição; um viveiro para a germinação de sementes e plantas; a Sala Aberta, para experiências extra-classe; e está em construção um aquário para a criação de carpas.

Com a participação de alunos e professoras foi construída uma cisterna com capacidade para 2,5 mil litros de água da chuva e implementado um sistema para economizar água, que, aliás, já reduziu em 26% o consumo no período de um ano.

“Receber o Prêmio de Sustentabilidade Ambiental foi uma chancela, um reconhecimento do que já vínhamos fazendo na escola. A premiação é resultado de nosso esforço e empenho e envolveu não só os profissionais, mas os alunos e suas famílias”, disse o diretor da escola, José David de Sousa.

A Emeb, que tem 25 professores e atende 500 alunos, se diferencia em outros aspectos, no Índice de Desenvolvimento da Educação (IDEB), que é de 6,6 na unidade, superior à média nacional, de 5,2, de acordo com último índice, divulgado há dois anos pelo Ministério da Educação (MEC).

Para todos – De acordo com o diretor, a equipe apoiou desde o início a ideia de fazer da escola modelo de sustentabilidade. “Assim, as ferramentas de trabalho dos professores foram para além dos livros didáticos e da lousa, para conceitos como consumo e economia de água e energia elétrica, produção e reaproveitamento do lixo, consumo e desperdício”, explicou o diretor.

José David explica que a inovação do projeto está também no modo de abordar com os alunos temas como produção de lixo, poluição, alimentação saudável e consumo de energia elétrica, ou seja, sempre relacionando esses assuntos às disciplinas. Graças a isso, passou a fazer parte do cotidiano das crianças coisas como o controle do hidrômetro e das descargas nos banheiros.

“Os alunos são os protagonistas do projeto e os multiplicadores de suas diretrizes. Assim  temos conseguido aproximar as famílias dessas iniciativas”, afirmou Sousa.

Outra mãe, Elaine Cristina Batista, reconhece em todas as ações benefícios para a filha Maria Eduarda, deficiente intelectual, na escola há dois anos. “Eu tinha preconceito, um certo medo por ser uma escola pública. Mas, depois que vim aqui, senti segurança, a minha filha foi bem recebida, se adaptou e estou muito satisfeita. Ela consegue perceber o mundo que a rodeia por meio da interação com o meio ambiente”, disse.

Rafaella Roncon Leite, Kauan Jonas Izaías de Paula e Gabriele Vitória, todos com oito anos, alunos do terceiro ano da professora Elaine Cristina Pelichero, participavam de atividades no jardim no dia desta entrevista. Eles se mostraram engajados com todo o projeto. “É legal ter um jardim na escola e poder reutilizar água da chuva”, “aqui a gente fabrica o chorume para regar o pomar e não precisa comprar”, “adoro poder dar comida para os peixes no lago”, foram frases ditas por eles.

Os investimentos realizados no projeto foram realizados com aportes da Associação de Pais e Mestres (APM).