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Parceria entre Nutrarte e Mackenzie impulsiona economia solidária

Parceria entre Nutrarte e Mackenzie impulsiona economia solidária

16 de Jun de 2015 Illenia Negrin
Objetivo é desenvolver produtos com identidade e comunicação visual

Uma parceria entre a Universidade Mackenzie e o Núcleo de Trabalho e Arte (Nutrarte), da rede de saúde mental de São Bernardo, tem beneficiado pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade e também os estudantes da instituição de ensino da Capital. Desde o início do ano letivo, 12 alunos do curso de Design, da Faculdade de Arquitetura, assumiram o desafio de apresentar soluções e inovações para ampliar a rentabilidade dos projetos de geração de renda fomentados pelo núcleo.

A iniciativa tem por objetivo o desenvolvimento de produtos, identidade da marca e estratégias de comunicação visual do Nutrarte, e dos grupos Antes Arte do que Tarde (que trabalha com artesanato), Pastelaria Q’Sabor (de alimentação), e o Madeirarte (que fabrica móveis a partir de paletes).

O trabalho dos alunos é coordenado por professores da disciplina de Projeto 5, do 5º semestre do curso de Design, que promove experiências práticas voltadas à sustentabilidade e ao enfrentamento de problemas do cotidiano. O tema escolhido para o semestre foi Economia Solidária. Ao todo, 30 grupos de estudantes atuam em empreendimentos da Grande São Paulo – quatro deles em São Bernardo –, com a mesma meta: resolver questões ligadas ao design propostas pelas próprias organizações. As ações tem o apoio da UNISOL Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários) e da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo.

Um desses professores é Ivo Pons, fundador da ONG Design Possível, uma rede de desenvolvimento social que usa as ferramentas do design para promover e alavancar ações em áreas de vulnerabilidade ou restrição social.  Ele avalia que a parceria com organizações como o Nutrarte é de grande valor para a formação dos estudantes. “É nesses espaços que o aluno consolida a visão da responsabilidade social. Possibilita outro olhar sobre o mundo, outra perspectiva em relação à atuação profissional. A gente consegue mostrar a eles como se constrói coletivamente um projeto. As boas ideias devem servir para empoderar todas as partes envolvidas”, comenta Pons, que divide a disciplina de Projeto 5 com as professoras Andreia Milani, Eliana Zaroni e Juliana Bertolini.

A troca de experiências entre grupos que vivenciam realidades tão distintas tem surpreendido a estudante Thaís Martins. Ela integra o grupo que atua junto ao Antes Arte do que Tarde e diz que o convívio com os pacientes tem sido revelador. “Aqui a gente aprende que o design não é só luxo e beleza, como vemos nas revistas. O design tem um papel social muito mais nobre, de inclusão, e é isso que estamos elaborando conjuntamente aqui. Mergulhamos de cabeça nesse projeto. Com os pacientes aprendemos a fazer tudo com muito amor”, conta.

O objetivo de Thaís e das colegas de classe Julia Sipereck e Mariane Pires é auxiliar o grupo de artesanato a desenvolver um produto que seja comercialmente atrativo. A situação foi proposta pelos próprios participantes do Antes Arte do que Tarde. “Isso para nós é um avanço incrível. Eles mesmos refletiram sobre a prática do grupo e concluíram que faziam um produto que não vendia bem. E a partir disso começaram as reuniões com o pessoal do Mackenzie”, relembra a monitora de oficina terapêutica no Nutrarte, Louise Assumpção.

As jovens e os integrantes da oficina de Artes definiram que seria preciso criar um produto a partir de matéria prima que fosse abundante e de baixo custo – até então a produção do grupo era centrada nas caixas de MDF. Assim, decidiram usar o isopor, item que compõe a embalagem das refeições fornecidas ao Nutrarte. E estão em processo de criação de objetos decorativos. “Para nós tem sido ótimo. Temos que usar toda a nossa criatividade. Dá mais trabalho, mas vai ficar bonito”, comemora Jefferson de Lima, um dos usuários do Antes Arte do que Tarde.

O Núcleo - Desde 2009, o Nutrate promove ações de inclusão e participação social dos usuários da rede de saúde mental por meio do trabalho e cultura. Pacientes em sofrimento psíquico e/ou uso abusivo de álcool e de outras drogas passam pelas oficinas artísticas e de geração de renda e são incentivados a práticas em economia solidária. “Aqui eles redescobrem que podem ser produtivos. Muitos se viram com a capacidade criativa e de trabalho abaladas por conta de problemas como depressão, uso de álcool e de outras drogas. É um espaço, sobretudo, de construção e resgate. E, em meio a tudo isso, nosso objetivo é também ser uma alternativa rentável, que a partir dessas oficinas eles possam criar, vender e obter recursos”, explica Louise.

A estratégia, que colabora para a reconstrução da autonomia e das relações sociais, faz o acompanhamento de empreendimentos em diferentes pontos da cidade com o intuito de aproximar as ações empreendedoras dos usuários. O Nutrarte mantém oficinas de costura, artesanato, movelaria, horta, pastelaria e palhaçaria, na sede do núcleo, localizada no bairro Taboão, e também nos Caps. Por mês, passam pelos grupos, em média, 180 pessoas.